Debates
Calçada ideal
da redação | 08 de abril de 2017 - 02:38
Victor Carbonar
Há quem diga que “a calçada é a forma mais democrática de se
locomover”. Entretanto, para que essa afirmação seja, de fato, realidade, é
necessário que algumas medidas sejam tomadas em relação aos passeios da nossa
cidade. Mesmo com decretos municipais que normatizam as calçadas, Ponta Grossa
enfrenta uma série de problemas e desafios relacionados ao tema, uma vez que o
município se desenvolveu de forma espontânea e cresceu sem esse devido
controle.
Desde 1999, a Prefeitura apresenta uma série de normas e
especificações, através da Lei 6.327, alterada pela Lei nº 10.249, de 2010.
Segundo o decreto, “todo o proprietário é obrigado a custear a construção do
passeio correspondente a sua testada, obedecendo a largura e o nível do meio
fio existente”. Ou seja, será que estamos em conformidade com essa lei?
Ao andarmos pelas ruas, verificamos o quanto essas regras
são negligenciadas, já que é muito fácil encontrar obstáculos em meio aos
passeios, como postes, placas de sinalização, buracos, degraus, etc. No Artigo
394 da mesma lei está descrito que “o passeio deverá ter continuidade, não
sendo admitidos, degraus, lixeiras, rampas e desníveis de qualquer natureza,
que caracterizem obstrução”. Mas onde está a fiscalização?
A acessibilidade deve ser assegurada de forma que não haja segregação,
possibilitando a integração de todos. Porém, o que pensar quando uma proposta
do Instituto de Planejamento Urbano (IPLAN), batizada de “Sistema de
Acessibilidade para Ponta Grossa” e primeira colocada dentre todos os municípios
da Nação, permanece engavetada? Nessa projeto, mais de dezoito quilômetros de
calçadas passariam por adaptações a fim cumprir com os requisitos de
acessibilidade para pessoas com deficiência e restrição de mobilidade em áreas
prioritárias da cidade. Infelizmente, esse grande projeto permanece em espera.
Enquanto isso, nossas calçadas são a síntese do desrespeito e do perigo, uma
vez que as quedas e tropeços são comuns.
A calçada ideal deve ser pensada de forma a garantir a livre
circulação e o acesso comum a todos, sendo dividida em três faixas distintas,
sendo a primeira delas conhecida como “Faixa de Serviços”, onde serão
instalados postes de luz, semáforos, placas de sinalizações, árvores, etc. A
segunda, “Faixa Livre”, como o próprio nome sugere, deve possibilitar o fluxo
de pedestres sem qualquer tipo de obstáculo. Já a terceira, designada “Faixa de
Acesso”, serve justamente para possibilitar o acesso de moradores às suas
residências, clientes e funcionários às lojas, etc. Ainda, deve assegurar uma
superfície regular e de qualidade, drenagem eficiente, segurança e sinalização,
conforme os Oito Princípios descritos em publicação no site CityFix Brasil. A
isso tudo aliamos a segurança do pedestre já que a calçada é o local seguro por
onde ele deve transitar, garantindo assim o seu maior patrimônio: a Vida.
Victor Carbonar é diretor da Knox – Cidade, Arquitetura e
Design