Debates
Mobilidade urbana e a centralização de Ponta Grossa
A cidade cresceu em uma área de relevo extremamente acidentado, o que dificulta a ligação entre bairros e, consequentemente, direciona o fluxo ao centro
Da Redação | 25 de abril de 2017 - 03:28
Por Victor Carbonar
Essa
semana, seguimos abordando a temática da “Mobilidade Urbana”. Segundo
estimativas recentes, Ponta Grossa conta com uma frota de mais de 187 mil
veículos, o que impacta significativamente a mobilidade da cidade. Com enormes
problemas no tráfego em horários de pico, o Município busca alternativas para aliviar
o trânsito no centro e melhorar o fluxo nas principais vias. Por isso, entre os
dias 28 e 30 de Março, a Autarquia Municipal de Trânsito e Transporte (AMTT)
testou um projeto que propôs a criação de uma faixa exclusiva para ônibus na
área central, com o objetivo de desafogar a Rua Balduíno Taques e a Avenida
Vicente Machado.
Entretanto,
embora o projeto seja interessante no que diz respeito à otimização da
trafegabilidade por essas duas importantes vias, ele talvez não seja suficiente
para mudar o atual cenário, uma vez que para isso seriam necessárias outras
medidas em conjunto.
Em
primeiro lugar, devemos entender que a cidade cresceu em uma área de relevo
extremamente acidentado, o que dificulta a ligação entre bairros e,
consequentemente, direciona o fluxo ao centro. Ou seja, muitas vezes, para ir
de um bairro a outro, obrigatoriamente temos que passar pelas principais
avenidas da área central. Se houvessem
maiores investimentos em pavimentação e melhorias em pontes e interligações
periféricas, poderíamos amenizar esse problema.
É
importante compreendermos que Ponta Grosa é, em muitos aspectos, extremamente
centralizada. Isso significa que quando necessitamos de determinados serviços,
precisamos nos deslocar até as principais áreas de comércio e negócios (Centro),
o que acaba por aumentar o trânsito na área, principalmente nos fins de semana.
Para mudar esse quadro, o Município poderia adotar medidas de incentivo ao
desenvolvimento das áreas comerciais, institucionais e culturais nos bairros, com
o objetivo de aproximá-las dos moradores e, consequentemente, diminuir o
tráfego de veículos e ainda incentivar a caminhada e o uso da bicicleta.
Também,
é essencial realizar grandes melhorias no transporte coletivo, tornando-o mais
convidativo aos cidadãos, uma vez que são comuns os atrasos e a superlotação
dos ônibus. Além disso, é necessário estudar melhor as rotas e os horários,
propondo também o acesso à informação de qualidade por parte dos usuários.
Ainda, é
urgente recuperarmos nossas calçadas e realizar as adaptações e modificações
necessárias, tornando nossa cidade mais acessível e integrada. Aliado à isso,
propor uma rede cicloviária na cidade auxiliaria na diminuição do número de
automóveis nas ruas, além de todos os benefícios à saúde e ao meio ambiente. Há
pouco tempo atrás o Governo Municipal comunicou o início da operação das
ciclofaixas na Avenida Dom Geraldo Pellanda, em Uvaranas e há ainda a proposta
de um sistema cicloviário interligando o Parque Ambiental a algumas áreas da
cidade, no que seria chamado “Parque Central”. Porém, esse último permanece
apenas no papel. Da mesma forma, incentivar a caminhada e os meios de
transporte que poluem menos é fundamental.
Essas medidas, quando tomadas de fato, poderão alterar significativamente o atual cenário da mobilidade na Princesa dos Campos. Algumas já estão em andamento, mas há muito o que se fazer. Temos um longo caminho pela frente e a possibilidade de um futuro melhor e mais bem pensado. Mas enquanto isso não acontece, necessitamos estar prontos para o estresse do dia a dia, contando com muita paciência, buscando rotas alternativas e vias rápidas para nos locomovermos pela cidade.
Victor Carbonar é estudante e colaborador do JM