Debates
A crise tem saída, crer, ousar e fazer
Quando o marechal Deodoro da Fonseca proclamou a república, em 1889, ele pretendia inaugurar uma nova era na economia ao autorizar vários bancos a emitirem dinheiro
Mario Martins | 26 de abril de 2017 - 02:04
Por Jorginho Vieira
A própria história e a econômica nacional nos trás
ensinamentos, quando D. Pedro I proclamou a Independência, em 1822, o país
vivia uma profunda crise econômica. Na década de 1820, as exportações de açúcar,
que haviam movido a economia por séculos, estavam em baixa, e o governo foi
obrigado a tomar altos empréstimos na Inglaterra para indenizar Portugal pela
Independência, a situação só começou a mudar na década de 1840, quando a
exportação de café tornou-se o novo motor da economia nacional.
Quando o marechal Deodoro da Fonseca proclamou a república,
em 1889, ele pretendia inaugurar uma nova era na economia ao autorizar vários
bancos a emitirem dinheiro e fazerem empréstimos à população, intenção do
plano, do então ministro Ruy Barbosa, era estimular os negócios e a
industrialização, mas o resultado foi catastrófico, uma enorme crise
especulativa em 1891, falências, inflação fora de controle afundaram a economia,
que só foi superada no começo da década seguinte, quando o governo Campos
Salles (1898-1902) realizou um duro ajuste fiscal colocando as contas do país
em ordem.
A quebra da bolsa de Nova York, em 1929, teve graves
consequências para a economia brasileira, os principais países compradores do
café brasileiro derrubaram as vendas do produto, na década de 1930, o governo
de Getúlio Vargas chegou a comprar sacas de café e queimá-las, mesmo diante de
tantas dificuldades, Vargas fez uma aposta, começou a investir na criação da
infraestrutura para o desenvolvimento da indústria, deu certo e abriu caminho
para a industrialização do país ao longo das décadas de 1940 e 50.
O processo de industrialização abriu caminho para o “Milagre
Econômico”, o PIB crescia em média 10% ao ano entre 1968 e 1973, com isso o
governo do general Ernesto Geisel (1974-1979) tomou vários empréstimos nos
Estados Unidos, em 1979 o governo norte-americano aumentou à taxa de juros, a
dívida e a inflação dispararam, iniciando à pior crise econômica da história do
Brasil, que se arrastou por toda a década de 1980, apesar dos vários planos
econômicos durante o governo de José Sarney.
O cenário só foi revertido em 1994, quando o Plano Real
finalmente estabilizou a economia, mas a um custo muito alto, para manter o
real valorizado e garantir os pagamentos dos juros da dívida externa, o governo
de Fernando Henrique Cardoso aumentou os juros, privatizou várias empresas
públicas, o que enfraqueceu a indústria nacional e deixou a economia vulnerável
a variações em economias externas.
Em janeiro de 1999, com as crises asiática e russa a economia
não resistiu, o Banco Central promoveu a desvalorização do real e a estagnação
da econômica, revertida a partir de 2004, quando o governo de Luís Inácio Lula
da Silva deu início a um fortalecimento do mercado interno, abriu um novo ciclo
de crescimento, que agora entendemos como, com fraudes e roubos a cofres
públicos e repasse em licitações fraudulentas, crises sempre tivemos por
decisões na economia interna ou por consequência da economia externa, mas a
crise atual tem um aspecto muito preocupante, não se trata só de economia
trata-se de crise institucional de todos os poderes, envolvendo muitos partidos
e políticos, não será uma decisão política e sim a mudança de atitude da
população para sairmos dessa crise, temos que “crer, ousar e fazer”.
Jorginho Vieira é colaborador do Jornal da Manhã