Editorial
Qual a reforma necessária?
Não basta mudar o sistema previdenciário, é preciso ir ainda mais fundo. O corte precisa passar da carne e chegar no osso
Da Redação | 06 de fevereiro de 2019 - 02:13
Um dos grandes desafios do governo Bolsonaro é aprovar a tão
falada reforma da Previdência. O projeto chegou a ser debatido durante a gestão
de Michel Temer, mas intervenção federal no Rio de Janeiro impediu a votação de
qualquer proposta de emenda constitucional (PEC) – embora muito se discuta
sobre a falta de apoio do ex-presidente no Congresso e no Senado para aprovar a
PEC, diante de tanta pressão popular.
Por mais que seja dolorido, é fundamental entender que o
sistema previdenciário brasileiro é deficitário, e não é de hoje. Ele precisa
acompanhar a evolução da expectativa de vida da população para ser
economicamente viável e poder ser autossustentável. A proposta que deve ser
encaminhada ao Senado prevê economia aproximada de R$ 1 trilhão e deve ser
levada em consideração. Os membros do Legislativo devem aprovar a PEC. O
problema será lidar com a provável rejeição da população.
Diga-se a verdade, não é para menos. Por mais que se entenda que a reforma é necessária, porque fazer esse corte tão doído no bolso de quem mais sofre? E as centenas de milhões de reais queimados com os benefícios para os mesmos legisladores que vão aprovar esta proposta? Cadê os cortes nas remunerações dos gestores públicos e dos ocupantes de cargos eletivos? Os salários e aposentadorias milionárias de membros do Judiciário e das Forças Armadas, também passarão pela reforma?
Fora todas essas questões, os bilhões desviados nos mais diversos
esquemas de corrupção em todas as esferas do Poder Público, quantas ‘Previdências’
eles poderiam bancar? No fim das contas, tudo recai sobre esse mal que teima em
ser extirpado da política (e da sociedade) brasileira: a corrupção. Não basta
mudar o sistema previdenciário, é preciso ir ainda mais fundo. O corte precisa
passar da carne e chegar no osso. Essa é a reforma que o Brasil precisa.