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Por mais mulheres de luta na política

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Por Isabela Gobbo

            Mesmo sendo maioria, representando 52% da população e do eleitorado, as mulheres ainda são minoria nos espaços de poder e de tomada de decisão. Um exemplo crítico da representação no parlamento é a Câmara Municipal de Ponta Grossa que teve no último pleito eleitoral apenas uma única vereadora eleita. Nas disputas eleitorais deste ano de 2020, no mínimo 30% das chapas lançadas de vereadores e vereadoras serão constituídas por mulheres, as quais podem vir a ser eleitas, aumentando a representatividade na Câmara, o que será uma importante conquista. Porém, a realidade exige de nós, mulheres, uma luta que vai além da representatividade em si, que de fato tenha posição em prol das transformações necessárias que visem a igualdade entre homens e mulheres na prática.

            A carência de pautas de defesa dos direitos das mulheres nas discussões nos espaços políticos é decorrente da ausência de mulheres de luta e/ou feministas ocupando a política, o que precisa ser revertido pela articulação e resistência das mulheres, e também pela compreensão de todos, incluindo os homens, dessa necessidade histórica. Para começar a tratar sobre feminismo, o ponto em comum de todos os movimentos envolve a luta contra a subalternidade da mulher em detrimento do homem, o que pode ser notado em todos os meios, devido à elementos históricos, sociais e culturais que moldam a nossa sociedade, e visualizado em números. Apesar do discurso de que homens são os grandes provedores, 45% dos lares brasileiros são chefiados por mulheres, as quais, infelizmente, recebem em média 20,5% a menos do que os homens quando desempenham os mesmos trabalhos. Ademais, os casos de feminicídio e violência contra as  mulheres em seus espaços familiares tem aumentado e, ao lado disso, aumenta a violência institucional de pauperização absoluta, das condições de trabalho desumanas, do assédio sexual, parte do assédio moral no trabalho, e da violência institucional no acesso e acolhimento nos serviços públicos básicos, onde as mulheres são as principais frequentadoras. Compreender essa realidade, refletir sobre ela e lutar para modificá-la precisa estar na agenda de nossas mulheres candidatas.

            Nenhum direito conquistado por nós, mulheres, veio de graça e precisamos fazer muito ainda para avançar na construção de uma sociedade de fato emancipada, para homens e mulheres. Precisamos trazer à tona lutas históricas, como: o combate às desigualdades no âmbito do trabalho, a partir de grandes campanhas pelo trabalho decente para as mulheres; a luta contra a violência de gênero, desconstruindo a visão da mulher como objeto e propriedade e reforçando o lugar das mulheres como cidadãs de direitos; a defesa dos direitos sexuais e direitos reprodutivos, porque não podemos ficar indiferentes à precarização da saúde das mulheres, à sua morte decorrente de abortos inseguros, ao crescente índice de mortalidade materna, à gravidez decorrente de estupro, ao retrocesso no direito democrático da escolha das mulheres; e a defesa de TODAS as mulheres, sem exceção, respeitando todas as formas de amar e de ser. Projetos concretos que ofereçam perspectiva de sobrevivência, diante da falta de emprego e de acesso à serviços, alfabetização, capacitação para o emprego, dentre outros, constituem-se em pontos de uma agenda mobilizadora. A luta por creche e escola em tempo integral continua na ordem do dia, assim como a luta por uma política de segurança que não leve à matança diária de seus filhos e filhas.

            Com isso posto, se você se identifica com essas lutas, seja bem vinda ao grupo de mulheres que quer construir uma sociedade muito diferente desta que nos mata e nos oprime todos os dias. Precisamos de muita unidade entre nós, mulheres e homens, para avançarmos, tendo no horizonte uma vida plena, em liberdade, solidariedade e igualdade para todos e todas.

Por Isabela Gobbo, Advogada e Mestre em Ciências Sociais Aplicadas pela UEPG

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