PUBLICIDADE

Senador Correia, a primeira escola pública de PG

Há 107 anos foi criado o colégio que seria referência no ensino da cidade

 Grupo nº 2, como era chamada inicialmente, foi fundada em 1912
Grupo nº 2, como era chamada inicialmente, foi fundada em 1912 -

Há 107 anos foi criado o colégio que seria referência no ensino da cidade 

Responsável pela educação de inúmeras gerações, o Colégio Estadual Senador Correia foi o pioneiro em ensino público de Ponta Grossa. A escola, que já é mais do que centenária, foi fundada em 1912 e possui seu desenvolvimento entrelaçado ao progresso da cidade.

O Grupo nº 2, como era chamada inicialmente, foi a única escola oficial do Estado instalada na região durante 15 anos e somente em 1924 outra instituição surgiu para dividir espaço. A atual localização é a mesma desde sua fundação, na área central da cidade, onde se encontrava a Praça Roosevelt, já inexistente.

A participação da escola dentro da sociedade princesina era fundamental: sediou o primeiro Grupo de Escoteiros de Ponta Grossa (1923); participou de Festivais Cívico-Literários apresentados no antigo Cine Teatro Renascença e também no Cine Eden (1930); produziu um programa de quatro episódios na TV Esplanada (1972); teve uma fanfarra (1968) e equipe de ginástica (1974); e também contou com a Olimpíada Infanto Juvenil Pontagrossense – OLIJUP (1973).

Além disso, a escolha do patrono da escola não é à toa, a homenagem ao Senador Correia se deve à sua dedicação pela educação e ensino, reconhecido pelo título de “fundador de escolas”, além de ter sido responsável pela criação de institutos, bibliotecas e museus.

Uma escola para não se esquecer

Em todos esses anos de história, diversas personalidades da cidade passaram pelo colégio e guardam na memória os bons momentos que o Senador Correia proporcionou em suas vidas. Uma dessas é o ex-prefeito de Ponta Grossa, Pedro Wosgrau Filho. Segundo ele, essa foi a primeira escola que frequentou – entrou no ano de 1955 e cursou o primário (1ª a 4ª série) -, e que marcou pela excelência dos educadores. “Estudar com professores dedicados sempre é fundamental para a formação do caráter”, relembra. Confira o trecho completo da entrevista.

Geraldo Machado, também foi ex-aluno do colégio. Estudou durante o período de 1971 a 1978, cursou o primário e o ensino fundamental no Senador. Ele lembra sobre cantar o hino nacional e o hino da bandeira e enfatiza que o gosto por estudar lá vinha pela organização da escola. “O que me impressionava era a organização em todas as salas e ambientes, além de ser um lugar bacana, também era próximo de onde morava”, relata.

Outro ex-aluno que se lembra da escola com carinho é Paulo Martins. Ele entrou aos oito anos no Senador Correia e lá permaneceu do ano de 1977 até 1984. Paulo guardou a escola na memória tão bem, que ainda consegue descrevê-la. “Lembro que o prédio do colégio tem a forma de U. Na lateral da rua Engenheiro Schamber, no térreo, tem a cantina, o pátio vermelho coberto, salas e os banheiros. (…) De frente com os Bombeiros no térreo tem a secretaria na entrada e salas tanto no primeiro como no segundo andar. (…) O piso nos corredores e nas salas eram de tacos. (…) Algumas carteiras mais antigas eram para dois alunos e tinha até um orifício redondo para pôr o tinteiro”, conta detalhadamente. Além disso, ele garante que também é difícil esquecer-se do mimeógrafo e do seu cheiro de álcool.

Senador hoje em dia

O Senador Correia é hoje o único colégio da rede estadual de ensino, das 59 instituições situadas no município de Ponta Grossa, com educação em tempo integral. Uma inovação que começou a ser aplicada em 2017, com as turmas do 6º ano e foi crescendo de forma gradativa, alcançando no próximo ano todas as séries do Ensino Fundamental.

A instituição conta ainda com o Ensino Médio regular e, desde 2010, Ensino Médio integrado com o curso Técnico em Publicidade. Este último, entretanto, teve o fechamento anunciado pelo governo em 2017 devido à evasão de alunos, restando no momento apenas duas turmas.

Apesar de pouca divulgação por parte da escola, a educação integral é bastante procurada por pais de todas as regiões da cidade. Um dos principais motivos apontados pelo vice-diretor, Cesar Amauri Silva, é a variedade de matérias na grade curricular. “Eles são bem cuidados aqui e além das aulas comuns, eles têm as aulas diversificadas, então o ensino integral para nós é bem-vindo e tudo que a gente pode fazer por eles, a gente faz”, conta. São 14 disciplinas na grade, entre elas: artes, matemática financeira, literatura, literatura espanhola, educação musical, teatro, arqueologia e patrimônio.

A grade cheia, com apenas 50 minutos para absorver o conteúdo é uma novidade para os estudantes que saem da educação básica. Sabendo disso e da rotina puxada o dia todo, os professores pensam e desenvolvem formas criativas de ensinar, além de acompanhar os alunos da forma mais próxima possível para que eles não abandonem a escola. “A gente se preocupa muito com o real aprendizado do aluno. Até que ponto o meu aluno está realmente aprendendo, e o que ele está levando para fora? Muitos adolescentes estão abandonando a escola, e aí de quem é a culpa? O aluno começa, abandona, criou-se o hábito da ‘des-responsabilidade’ com a escola”, explica a diretora Lindacir Silva.

De segunda a sexta, os alunos do ensino integral entram às 8h15 e saem às 17h25, dentro desse tempo eles recebem três refeições: lanche, almoço, e lanche da tarde, tudo preparado com “amor de mãe”, nas palavras da atual diretora. É tanto tempo dentro da instituição, que a escola se torna uma segunda casa para alunos e professores, que hoje não são somente educadores, pois além de transmitirem conhecimento, precisam transmitir afetividade. “Eles vêm de uma realidade muito diferente, não têm com quem conversar, então a gente fica muito próximo deles, eles acabam desabafando, a gente não serve só como professora, para aplicar o conteúdo. E a partir do momento que você se aproxima do aluno, ele confia em você, ele aprende muito mais”, explica a professora de português e estudante de psicologia, Dariene Kincheski.

O colégio conta atualmente com 384 alunos e 43 professores, tendo uma mescla de mestres que estão há décadas na instituição e outros recém-chegados e que dão um sangue novo para a escola. Neste ano, o Senador voltou a sair na avenida no desfile cívico de 7 de setembro, depois de mais de 10 anos sem participar da solenidade. Também com a motivação dos professores mais jovens, voltou a participar dos Jogos da Primavera, depois de anos sem competir. Para a diretora, que está há cinco meses no comando, as mudanças são fruto de um trabalho em conjunto. “A minha equipe de professores é engajada, estamos aqui lutando juntos, porque a gente quer ver um bom resultado”, conta Lindacir.

Apesar do amor pela escola em que trabalha há 22 anos, Lindacir lamenta pela falta de objetivo de muitos jovens na atualidade. “A gente sabe que o futuro do Brasil está aqui dentro e que se a gente não cuidar muito disso aqui, eu não sei o que vai ser do nosso país lá na frente. Eu queria que os meus alunos começassem a pensar que depende de nós a mudança do nosso país”, desabafa.

Quando questionada sobre uma lembrança marcante dessas duas décadas de história, a diretora se emociona. “O Senador é a minha vida, e a gente vive isso aqui, essas pessoas, a gente conhece assim, pelo olhar. Não tenho uma história, eu tenho ‘a’ história, essa aqui é a minha história, eu quero que saiam pessoas boas daqui, com conhecimento, que contribuam para a sociedade e sejam pessoas felizes”, conclui. 

Texto produzido pelas acadêmicas de jornalismo da UniSecal Dani Ribeiro, Laísa Morais e Stefhani Romanhuk, para a disciplina de práticas jornalísticas multimeios/Nova Pauta on-line sob a supervisão do professor Rafael Kondlatsch

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

MAIS DE COTIDIANO

HORÓSCOPO

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

DESTAQUES

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

MIX

HORÓSCOPO

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE