Cotidiano
Estiagem ainda é severa e exige ações emergenciais
Desde os primeiros sinais da seca, Sanepar tem adotado medidas para garantir abastecimento público
Da Redação | 19 de julho de 2020 - 19:28
Desde os primeiros sinais da seca, Sanepar tem adotado medidas para garantir abastecimento público
O índice de chuvas registrado nesta primeira quinzena de
julho confirma o cenário negativo de precipitações ao longo de 2020 e está 60%
abaixo da média histórica, segundo dados do Sistema de Tecnologia e
Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar). Essa condição se reflete
diretamente nos níveis dos quatro reservatórios de água para abastecimento
público na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), que já registram a
preocupante média de 34%.
Embora em junho o padrão atmosférico tenha mudado em relação
aos meses anteriores, com chuvas que superaram o volume histórico em algumas
regiões do Estado, as precipitações concentraram-se em eventos de grande
acumulação, como a do último dia do mês.
O “ciclone bomba”, do dia 30 de junho, trouxe ventos de
quase 100 quilômetros por hora, causou muitos estragos, principalmente na RMC e
no Litoral, mas a chuva que acompanhou provocou apenas um grande escoamento
superficial e pouca penetração no solo – conforme explica o Simepar.
BARRAGENS - Sem chuvas suficientes para recuperar o
deficit hídrico, em 2020 a Sanepar tem registrado os menores níveis das
barragens que compõem o Sistema de Abastecimento Integrado de Curitiba e Região
Metropolitana (SAIC) – Iraí, Passaúna, Piraquara I e Piraquara II – desde 2009.
Na Barragem do Iraí, a primeira a ser utilizada pela
Sanepar, os níveis foram baixando mês a mês e, na primeira quinzena de julho,
chegaram a 15%. No Passaúna, o nível é de 36,5%; Piraquara I, 33%; e Piraquara
II, que é a última a ser utilizada e geralmente mantém-se elevada por mais
tempo, está com 88%.
“Nos últimos 10 anos, nunca as barragens chegaram a níveis
tão baixos. O mais preocupante é que os prognósticos de chuvas para os próximos
meses não são promissores, mantendo-se a previsão de que teremos um volume
muito abaixo da média histórica”, afirma o diretor de Meio Ambiente da Sanepar,
Julio Gonchorosky.
RODÍZIO – A estiagem severa deu sinais ainda em 2019,
quando a Sanepar passou a adotar medidas de mitigação da crise hídrica.
Primeiramente, na Região de Cascavel, onde começaram os primeiros impactos no
abastecimento, com a antecipação de obras de reforço na produção de água.
Em Curitiba e Região Metropolitana, a crise hídrica exigiu
em março a implantação de rodízio, a princípio nas áreas abastecidas pelo Rio
Miringuava, que apresentava vazão muito baixa, insuficiente para garantir
regularidade no fornecimento de água.
Com o passar dos meses, a estiagem acentuou a perda de vazão
de rios e poços e dos níveis dos reservatórios da RMC, o que levou a Sanepar a
estender a medida de forma igual para toda a região. O rodízio reduz
diariamente o fornecimento de água para 20% da população, com a meta de
garantir níveis mínimos de reservação do SAIC até o período das chuvas,
previsto somente para depois de setembro.
MEDIDAS EMERGENCIAIS – Além disso, a Sanepar antecipou
obras e implantou captações emergenciais que aumentam o volume de água para
abastecimento público. O decreto de crise hídrica do Governo do Estado, de 7 de
maio, deu agilidade à Companhia em captação de água em cavas e pedreiras da
região, em Fazenda Rio Grande, Pinhais, São José dos Pinhais e Campo Magro.
“São ações mitigatórias que complementam o esforço da
população em economizar água. Sem o uso racional da água e sem essas captações
emergenciais, o sistema pode colapsar”, diz Gonchorosky.