Cotidiano
Nova tarifa de ônibus em PG deve passar R$ 6
Presidente do Sintropas diz que preço inviabiliza o transporte público em Ponta Grossa. Reajuste deve acontecer em abril
Da Redação | 03 de fevereiro de 2021 - 09:30
Presidente do Sintropas diz que preço inviabiliza o
transporte público em Ponta Grossa. Reajuste deve acontecer em abril
Há quase dois anos sem aumento tarifário no transporte
coletivo em Ponta Grossa, nesta semana o Conselho Municipal de Transportes
(CMT) se reúne para discutir o novo reajuste. Segundo o presidente do
Sintropas-PG, Luizão, que também integra o Conselho, informações preliminares
apontam para um valor superior a R$6,00, a partir de abril. “Isto inviabiliza o
transporte público em Ponta Grossa”, avalia.
Atualmente, a passagem de ônibus custa R$ 4,30. Entre os
itens considerados para a base de cálculo está o Índice de Passageiro por
Quilômetro (IPK), que já apresentava queda nos últimos anos em Ponta Grossa, mas
despencou consideravelmente em função da pandemia. “Não existe uma solução
simples. O executivo junto com a AMTT vai ter que buscar meios de viabilizar
subsídios para o transporte coletivo”, considera Luizão.
Na segunda-feira (01), Luizão esteve em Araucária (PR), em
reunião com o secretário de Planejamento, Samuel Almeida da Silva, com o
superintendente do Transporte Coletivo, Vilmar Jacob da Silva, e com o
jornalista Laécio Monteiro, para conhecer a medida implantada no município, que
resultou na tarifa mais barata do país: R$2,20.
O intuito é trazer ideias a Ponta Grossa a fim de contribuir
com a redução da passagem de ônibus. “Temos a preocupação em trazer inovação
para que a tarifa não seja aumentada. Para isto, buscamos entendimento e vamos
atrás de outras realidades. É uma responsabilidade social, como presidente do
sindicato”, frisou Luizão.
A iniciativa de Araucária deu tão certo que a expectativa é
de futuramente implantar a tarifa zero. De acordo com o jornalista do
município, Laécio Monteiro, a cidade nunca teve uma tarifa social como
atualmente, “o que se tornou visível a adesão dos usuários ao transporte
coletivo, diminuindo fluxo de veículos nas vias e, consequentemente, aumentou a
utilização dos ônibus por todas as classes sociais”, analisou.
Confira mais detalhes sobre o projeto aplicado em Araucária na
entrevista de Luizão ao Portal do Sintropas-PG. O presidente do sindicato
também falou sobre as medidas que devem ser adotadas em Ponta Grossa para
evitar o aumento significativo da passagem de ônibus.
Qual a medida adotada pelo município de Araucária, que
resultou na menor tarifa do país?
Antes vamos destacar que a cidade possui mais de 146 mil habitantes, e o
salário do motorista é de R$3.200,00. Hoje Araucária subsidia o transporte
coletivo total. Ela paga a operação das empresas e a arrecadação da tarifa.
Este valor entra paro o cofre municipal como parte do custeio do transporte. É
um benefício que a cidade entrega aos seus munícipes em forma de uma tarifa
cidadã.
Segundo secretario de Planejamento, se a tarifa não fosse
subsidiada, custaria em torno de R$4,50 e o Índice de Passageiro por Kilômetro
(IPK) seria muito baixo, o que consequentemente deixaria a tarifa mais alta.
Como o município conseguiu o subsídio?
Em Araucária, existia uma autarquia que gerenciava o trânsito e o transporte,
Companhia Municipal de Transporte Coletivo de Araucária. A atual gestão, que
inicia o segundo mandato, extinguiu o órgão e entregou a pasta do transporte e
da fiscalização para a Secretaria de Planejamento. Isto gerou economia
significativa e a verba pode ser aplicada como subsídio no transporte coletivo.
A ideia da cidade é promover o transporte para quanto mais
pessoas utilizarem, menos carro vai trafegar na rua, vai haver menos trânsito,
menos acidente e mais barato vai ficar para o trabalhador usar este meio de
locomoção. Em Araucária o transporte também é integrado.
Com a expectativa de tarifa superior a R$6,00 em Ponta
Grossa, qual seria a solução para a redução?
Não existe uma solução simples. O executivo junto com a Autarquia Municipal de
Trânsito (AMTT) vai ter que buscar meios de vialibilizar subsídios para o
transporte coletivo. Não estou dizendo que a cidade tem que entregar renda ou
dinheiro para a Viação, pelo contrário, até porque não é o que Araucária faz.
Mas, se Ponta Grossa não encontrar uma forma de subsidiar, vamos ter cada vez
mais carros e menos ônibus circulando, tornando o transporte muito caro. O IPK
daqui é muito baixo porque a tarifa é alta. Com a passagem superior a R$6,00
vai ficar insustentável para a cidade. Em todo os lugares temos exemplos de
transporte subsidiado pelo poder público.
Se o IPK for alto, é possível que os trabalhadores tenham um
salário maior e transporte com mais estrutura, como ar-condicionado?
Sim, com o IPK alto existe fluxo maior de arrecadação da tarifa, desde que ela
seja baixa. Consequentemente, haverá mais gente andando de ônibus, se tornando
mais fácil a negociação salarial e a cidade ganha mais.
Tudo isto, entre outras melhorias, será possível, desde que não haja este aumento considerável na passagem em Ponta Grossa, pois o número de usuários, que já é baixo, vai reduzir mais. Durante esta semana teremos uma reunião para analisar a tarifa e levarei minha contribuição, como sindicato, e o poder público terá a autonomia de avaliar o que poderá ser feito.
Com informações da assessoria do Sintropas