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À margem da margem

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Por Maximillian Ferreira Clarindo

            Ultimamente a guerra pelo poder tem tomado dimensões catastróficas para as instituições estatais e para a sociedade como um todo. A polícia, instituição que está 24 horas por dia em contato com o cidadão, talvez a maior vitrine do poder público, é uma destas instituições que sofre forte assédio daqueles que se digladiam pelo poder. A facilidade com que se tem atendimento da Polícia Militar resulta em uma infinidade de atendimentos no dia-a-dia, todos par e passo com a complexidade das relações sociais.

            Evidentemente que nestes inúmeros atendimentos à sociedade proporcionados por seres humanos que envergam fardas, insurgem situações exitosas e também desmedidas, equivocadas e que infelizmente podem custar vidas. Essa pluralidade de erros e acertos (ouso dizer: mais acertos que erros) é o gancho de qual se aproveitam os grupos políticos da pujante dualidade política brasileira - esquerda e direita.

            De um lado, a esquerda brasileira (ou o que se imagina por ser ela) parece estar focada em tratar os policiais militares como corruptos, despreparados, truculentos, seletivos e fieis tributários das atrocidades cometidas no regime militar. A esquerda, em seu ataque frontal, esquece que a instituição é formada por seres humanos. Assim, também facilmente se confunde quando julga os policiais como seletivos e tendenciosos.

A grande confusão de se pensar nesta forma é o fato de que a segurança social, ainda que intimamente relacionada à segurança pública, está um tanto longe das instituições policiais. Reconhece-se que boa parte dos presos e apreendidos pela PM são de fato pessoas pobres e marginalizadas por sua condição social, entretanto, à Polícia não cabe outra medida senão fazer cumprir a lei. Se os lugares onde a polícia frequentemente acessa, fossem também visitados por outros segmentos estatais, certamente haveria uma sintonia fundamental para se resolver boa parte dos problemas de segurança pública.

Por sua vez, a conservadora direita política brasileira, que sempre flertou com as instituições militares, também julga de forma equivocada os profissionais de segurança pública. O conservadorismo tenta pegar carona na ética e na boa organização (militar) para fugir do ostracismo a que está mergulhada nesta última década, para assim, instigar devaneios relacionados ao golpe de 1964. A velha direita quer a PM – despolitizada (privada de politização) – do seu lado para defender toda a arquitetura elitista que circunda seus princípios e para isto adota um discurso de apoio incondicional a tudo que a instituição faz – em teoria. Na prática observa-se muito barulho e pouca ação efetiva, seja para a sociedade ou para a classe policial.

            Os policiais militares estão à margem da margem. As instituições e por conseguinte seus profissionais têm sofrido contumazes ataques de todos os lados e sem os mesmos direitos de respostas conferidos aos outros segmentos sociais. As polícias são tão minorias quanto as classes pobres, os negros, comunidades LGBT, e toda série de excluídos sociais, com o agravante de que estes grupos minoritários também não poupam ofensas aos PMs.

            Entretanto, para consternação dos grupos políticos e ofensores, os Policiais Militares têm cumprido sua missão mesmo sem ter carga horária definida em lei, com salário e equipamentos incompatíveis com o que fazem, sem direito a greve e à sindicalização, sem possibilidade de filiação partidária, dentre outros direitos que lhes são obstaculizados. Ao contrário do que se poderia pensar, os policiais militares, portanto, semi-cidadãos, estão com isso aprimorando a característica que se tornou o cerne da vida policial: a resiliência.

Maximillian Ferreira Clarindo, é Doutorando em Geografia pela Universidade Estadual de Ponta Grossa; Policial Miliar.

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