Debates
À margem da margem
Administrador | 19 de setembro de 2016 - 03:34
Por Maximillian Ferreira Clarindo
Ultimamente
a guerra pelo poder tem tomado dimensões catastróficas para as instituições
estatais e para a sociedade como um todo. A polícia, instituição que está 24
horas por dia em contato com o cidadão, talvez a maior vitrine do poder
público, é uma destas instituições que sofre forte assédio daqueles que se
digladiam pelo poder. A facilidade com que se tem atendimento da Polícia
Militar resulta em uma infinidade de atendimentos no dia-a-dia, todos par e
passo com a complexidade das relações sociais.
Evidentemente
que nestes inúmeros atendimentos à sociedade proporcionados por seres humanos
que envergam fardas, insurgem situações exitosas e também desmedidas,
equivocadas e que infelizmente podem custar vidas. Essa pluralidade de erros e
acertos (ouso dizer: mais acertos que erros) é o gancho de qual se aproveitam
os grupos políticos da pujante dualidade política brasileira - esquerda e
direita.
De um lado,
a esquerda brasileira (ou o que se imagina por ser ela) parece estar focada em
tratar os policiais militares como corruptos, despreparados, truculentos,
seletivos e fieis tributários das atrocidades cometidas no regime militar. A
esquerda, em seu ataque frontal, esquece que a instituição é formada por seres
humanos. Assim, também facilmente se confunde quando julga os policiais como
seletivos e tendenciosos.
A grande confusão de se pensar nesta forma é o fato de que a
segurança social, ainda que intimamente relacionada à segurança pública, está
um tanto longe das instituições policiais. Reconhece-se que boa parte dos
presos e apreendidos pela PM são de fato pessoas pobres e marginalizadas por
sua condição social, entretanto, à Polícia não cabe outra medida senão fazer
cumprir a lei. Se os lugares onde a polícia frequentemente acessa, fossem
também visitados por outros segmentos estatais, certamente haveria uma sintonia
fundamental para se resolver boa parte dos problemas de segurança pública.
Por sua vez, a conservadora direita política brasileira, que
sempre flertou com as instituições militares, também julga de forma equivocada os
profissionais de segurança pública. O conservadorismo tenta pegar carona na
ética e na boa organização (militar) para fugir do ostracismo a que está
mergulhada nesta última década, para assim, instigar devaneios relacionados ao
golpe de
Os
policiais militares estão à margem da margem. As instituições e por conseguinte
seus profissionais têm sofrido contumazes ataques de todos os lados e sem os
mesmos direitos de respostas conferidos aos outros segmentos sociais. As
polícias são tão minorias quanto as classes pobres, os negros, comunidades
LGBT, e toda série de excluídos sociais, com o agravante de que estes grupos
minoritários também não poupam ofensas aos PMs.
Entretanto, para consternação dos grupos políticos e ofensores, os Policiais Militares têm cumprido sua missão mesmo sem ter carga horária definida em lei, com salário e equipamentos incompatíveis com o que fazem, sem direito a greve e à sindicalização, sem possibilidade de filiação partidária, dentre outros direitos que lhes são obstaculizados. Ao contrário do que se poderia pensar, os policiais militares, portanto, semi-cidadãos, estão com isso aprimorando a característica que se tornou o cerne da vida policial: a resiliência.
Maximillian Ferreira Clarindo, é Doutorando em Geografia pela Universidade Estadual de Ponta Grossa; Policial Miliar.