Debates
A falácia sobre os agroquímicos
Da Redação | 12 de abril de 2018 - 02:48
Por Ágide Meneguette
Foi a partir da produção em escala no século XX que o
alimento se tornou mais acessível à população de baixa renda que também passou
a ter acesso a uma variedade maior de produtos. Vários fatores contribuíram
para isso, entre eles uso da tecnologia, avanço da genética e capacitação.
Vamos nos ater à questão da tecnologia, especificamente ao
uso de agroquímicos. Para se entender isso é necessário, primeiro, levar em
consideração que o Brasil é um país tropical, o que exige um manejo diferente
dos utilizados em países como os Estados Unidos e o Canadá onde o próprio clima
congelante do inverno se encarrega de eliminar as pragas. Por isso usamos
agroquímicos que não são tão necessários em países frios.
A aplicação de agroquímicos exige o uso correto, com a
recomendação técnica de um engenheiro agrônomo. Esse profissional que fará o
receituário para o caso específico de cada praga, doença ou planta daninha. A
compra do produto ocorre mediante essa receita. Aliás, produtos que impactam no
custo de produção, portanto, são utilizados pelo produtor somente quando
necessário, porque o uso excessivo aumenta os custos.
O uso de forma racional, que significa a aplicação quando
necessário da quantidade exatamente prescrita, não causa dano nem ao meio
ambiente nem a saúde humana, tendo como base a assistência técnica e
respeitando os períodos de carência.
A agricultura hoje investe cada vez mais em boas práticas
agrícolas, necessárias para quem produz de olho na saúde de sua família e
trabalhadores. A agropecuária precisa de solo fértil para ser produtiva e tem
se valido de sistemas como Manejo Integrado de Pragas (MIP).
Outro ponto que precisa ser considerado é que um produto
novo, para ser colocada no mercado, tem alto custo porque leva tempo para ser
desenvolvida e exige muitos estudos. Antes de ser colocado no mercado, ele
precisa de autorização do Ministério da Agricultura, Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
A educação, com orientações corretas, é importante para
acabar com as notícias falsas, os boatos que causam pânico e confusão à
população. Muitas vezes as desinformações surgem travestidas de campanhas
educativas, mas nada mais são do que ações difamatórias e alarmistas que
prejudicam quem produz e garante a mesa cheia de alimentos.
O SENAR-PR, por exemplo, atende um milhão de alunos por ano,
de escolas públicas e particulares, de 1º. a 9º. ano levando conhecimento sobre
diversos temas, entre eles os relacionados ao meio ambiente, por meio do
Programa Agrinho.
Desde seu nascimento, o SENAR-PR teve como motivação a
conscientização sobre o uso correto de agroquímicos, reflexo da constante
preocupação com o bem-estar e segurança do trabalhador rural.
Até hoje, as capacitações nos cursos na área de aplicação de
agrotóxicos continuam entre os mais procurados por trabalhadores e produtores
rurais. Desde que começou suas atividades em 1993, o SENAR-PR já capacitou
165.291 pessoas na aplicação de agroquímicos em quase 14 mil cursos. Isto sim é
uma ação transformadora e de resultado efetivo.
Outro ponto relevante para desmistificar essa questão é o
cálculo do uso de agroquímicos, que deve ser realizado por área de produção e
não por número de habitantes. O produto é utilizado para manejo e controle de
pragas nas culturas e não para consumo humano, portanto é incorreto o cálculo
de consumo por habitante como tem sido divulgado.
São dados que estão disponíveis para serem comprovados por
quem está disposto ao esclarecimento. Há pesquisadores e estudiosos sérios e isentos
que podem desmistificar tudo isso. O conhecimento é aberto a todos, basta
querer.
Ágide Meneguette, presidente do Sistema FAEP/SENAR-PR