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Cada morte no trânsito custa R$ 785 mil ao Brasil
Da Redação | 28 de outubro de 2020 - 01:38
Por Alysson Coimbra
Cada morte decorrente de acidente de trânsito no Brasil
custa, aos cofres públicos, R$ 785 mil. Segundo o Instituto de Pesquisas
Econômicas e Aplicadas (IPEA), os acidentes consomem R$ 50 bilhões por ano.
Para um país em desenvolvimento, esse montante, que deixa de ser aplicado em
áreas estratégicas, como saúde e educação, faz uma enorme diferença. O
cálculo do IPEA avalia quanto é gasto com atendimentos pré-hospitalar;
hospitalar; pós-hospitalar; perda de produção; danos materiais; processos e
danos à propriedade pública e privada.
Esse gasto todo, que não leva em consideração o impacto
social e previdenciário, pode ser reduzido se encararmos os acidentes como o
grave problema de saúde pública que eles são. Todos os anos, mais de 42 mil
pessoas morrem no Brasil e outras 235 mil ficam inválidas em decorrência da
insegurança viária. Atender a toda essa demanda ocupa 60% dos leitos de Unidade
de Terapia Intensiva (UTI) e 50% das cirurgias de emergência no Sistema Único
de Saúde (SUS).
Reduzir essas ocorrências permitiria que os brasileiros
tivessem não só mais investimentos públicos, como também um melhor atendimento
no SUS. E isso pode ser feito se o Brasil mantiver a análise criteriosa de
médicos e psicólogos especialistas em Trânsito na realização dos exames para
obtenção e renovação da Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
Esses especialistas são os indicados e reconhecidos por seus
respectivos conselhos profissionais médicos para avaliar a saúde dos
motoristas. Um exame feito por quem realmente detém o conhecimento e a prática
realiza o diagnóstico precoce de doenças, evitando mortes, já que estudos
recentes feitos pela Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet)
comprovaram que os problemas de saúde causam a maior parte dos acidentes no
Brasil.
Por isso as entidades médicas batalham pela reavaliação do
veto presidencial ao artigo 147 do novo Código de Trânsito Brasileiro
(CTB). Este artigo define que as avaliações médicas e psicológicas
tenham que ser elaboradas por especialistas em Trânsito, que são os
profissionais certos para avaliar a aptidão e as condições de saúde dos
motoristas e candidatos a motoristas.
Entendemos que as ações de governantes sempre buscam
facilitar a vida dos cidadãos, mas precisamos garantir que essas ações não
esbarrem em questões técnicas e de grande impacto aos cofres públicos, sem
falar no bem mais precioso para todos, que é a vida.
Alysson Coimbra é médico especialista em Medicina do Tráfego, diretor da
Associação Mineira de Medicina do Tráfego (AMMETRA) e coordenador da
Mobilização Nacional de Médicos e Psicólogos Especialistas em Trânsito