Pesadelo da casa própria

Os problemas estruturais em imóveis do Minha Casa Minha Vida são apenas um retrato da realidade sofrível do programa e do descaso do governo federal. Infiltrações, rachaduras e fiação elétrica com defeitos são alguns dos problemas. Tem piso em desnível, porta que não fecha e janela que não pode ser aberta. Infelizmente quem vai pagar o preço desse descaso é o cidadão que sonha com a casa própria e tem se sujeitado a tudo de forma humilhante.

Em Ponta Grossa, se avolumam as reclamações dos mutuários. Além dos problemas estruturais dos imóveis, as famílias reclamam da falta de infraestrutura dos conjuntos habitacionais. Nessas comunidades faltam ônibus, não há serviço de coleta de lixo, não tem hospital ou posto de saúde, não há escola, e muitos desses núcleos estão distantes da área central. Alguns foram construídos na zona rural.

Todo o dia surge uma denúncia. Ontem, moradores do Conjunto Ibirapuera recorreram ao Procon, apresentado ao órgão uma extensa lista de reclamações. As casas são mal feitas e muitas das promessas feitas pela construtora, Caixa e imobiliária não foram cumpridas. Houve propaganda enganosa - uma prática bastante comum utilizadas por empresas descomprometidas com a ética e respeito ao cidadão.

Em alguns estados, em caráter liminar, o MPF requereu a suspensão da cobrança das parcelas do financiamento aos moradores prejudicados até a plena regularização dos defeitos da obra. Pediu, ainda, que a Caixa e as construtoras providenciem o pagamento de hospedagem aos moradores que precisem ser retirados dos seus imóveis durante as obras de recuperação do condomínio.

É preciso por Polícia Federal para investigar as reclamações dos mutuários. Construtoras e imobiliárias que apenas almejam aumentar os lucros, entregando às famílias imóveis ruins, com defeitos e construídos com materiais de terceira linha, não podem sair impunes. O Ministério Público Federal também tem o dever de agir em socorro às famílias lesadas, exigindo o ressarcimento e pedindo punição para os casos irregulares.