Política
Ruralistas afirmam que traçado da APA impede desenvolvimento
Da Redação | 17 de janeiro de 2018 - 07:00
Gustavo Ribas Neto é presidente do Sindicato Rural de Ponta
Grossa e do núcleo que reúne entidades de classe do setor ruralista dos Campos
Gerais. O produtor visitou, nesta terça-feira (16), a redação do Jornal da Manhã e do portal aRede para expor a visão dos ruralistas
sobre o projeto que trata da diminuição da área de preservação ambiental (APA)
da Escarpa Devoniana. A proposta é alvo de um projeto de lei assinado pelos
deputados Plauto Miró (DEM) e Ademar Traiano (PSDB).
O produtor apresentou argumentos sobre a necessidade de
revisão da APA da Escarpa Devoniana, do Plano de Manejo da área e também de
ações práticas para o desenvolvimento da região – tanto do ponto de vista
político, como no âmbito econômico. “O decreto que regulamenta a APA é de 1992,
o plano de manejo contém vários erros e foi feito apenas em 2004 e o Conselho
Gestor foi formado apenas em 2013”, contou Gustavo.
Ribas Neto ressaltou que a atual área de preservação
ambiental da Escarpa é incorreta e inclui, por exemplo, municípios inteiros,
como é o caso de Carambeí, além de também incluir a área do aterro do Botuquara
e do aterro em Jaguariaíva. “Se for seguir à risca, todo empreendimento construído
em Ponta Grossa teria que ser submetido à análise do Conselho Gestor e seguir
todas as regulações e determinações previstas”, contou o presidente do
Sindicato Rural.
Outro argumento exposto pelo ruralista foi a série de erros
do plano de manejo, feito por uma empresa terceirizada contratada pelo
Instituto Ambiental do Paraná (IAP). O documento rege, por exemplo, que a
principal cultura agrícola da região é a cana de açúcar e deixa de incluir um
dos municípios que compõe a APA da Escarpa no traçado. “Isso mostra que uma
revisão é essencial, por isso apoiamos o projeto de lei que está em trâmite e
defendemos a aprovação do texto”, afirmou Ribas Neto.
Na visão do produtor rural (que já foi secretário municipal
de Agricultura de Ponta Grossa), a manutenção do texto não garante a
preservação, mas sim trava o desenvolvimento da região. “Atualmente existem
várias áreas que não podem ser exploradas na produção, mas não se existe uma
segurança jurídica sobre o que se fazer nesses espaços. Acredito que o próprio
turismo é uma das alternativas mais importantes para desenvolver os Campos
Gerais, mas para isso é preciso haver planejamento e uma discussão mais
concreta, além da atualização do texto legal”, ponderou Gustavo.
O posicionamento de Ribas Neto acontece depois do deputado
estadual Rasca Rodrigues (PV) afirmar que lidera um movimento pelo arquivamento
do PL, sem discussão em plenário.
Burocracia e lentidão
preocupam
Outro aspecto que preocupa os ruralistas é lentidão e a
burocracia envolvendo ações adotadas dentro a APA da Escarpa Devoniana. “O
atual traçado envolve muitas áreas em que a produção já existe há muitos anos,
antes mesmo do decreto de 1992. Nosso principal questionamento é que a
burocracia que envolve ações dentro da APA trava o desenvolvimento da
agricultura e também de toda a economia”, lembrou Gustavo Ribas Neto. O ruralista
acredita que o desenvolvimento da agricultura pode acontecer de forma
simultânea ao do turismo com a diminuição da área de preservação, sem prejuízo
ao meio ambiente. “Esses são aspectos que devem caminhar juntos e não ser
excludentes”, pontuou.