Debates
Aqui não, Elon Musk!
Da Redação | 16 de abril de 2024 - 01:58
Por Wilson Pedroso
Elon Musk está preocupado. Ou pelo menos, deveria estar. Segundo tem sido
noticiado pela imprensa internacional, o X, antigo Twitter, perdeu 71% do valor
de mercado desde 2022, quando foi adquirido pelo bilionário sul africano. A
crise enfrentada pela empresa é decorrente da saída de grandes anunciantes, que
estrategicamente suspenderam a publicidade na rede social em retaliação a
declarações ultra polêmicas, incluindo apoio ao antissemitismo, dadas por Musk.
Há informações de que o prejuízo envolvendo o X seria superior a U$ 270
milhões. Isso poderia explicar, em partes, porque Elon Musk parte para o
desespero ao atacar o Poder Judiciário brasileiro e, mais especificamente, o
ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. O empresário acusou
Moraes de ditador e chama de censura as determinações judiciais para a
suspensão de contas que supostamente espalham fakenews, desinformação e
discursos de ódio.
Elon Musk não quer fechar perfis que, embora tenham conteúdo questionado,
engajam e atraem o público. Na prática, o empresário não quer perder espaço no
Brasil, que soma mais de 22 milhões de contas ativas no X, ficando atrás apenas
de Estados Unidos, Japão, Índia, Inglaterra e Indonésia. Por não colaborar com
a Justiça, Musk acabou incluído por Moraes no inquérito que apura a ação de
milícias digitais contra a democracia. O magistrado determinou multa diária de
R$ 100 mil para cada conta que a empresa reativar sem aval da Justiça.
Em reação, Musk fez mais ameaças recentemente. Disse que provavelmente
perderá “todas as receitas no Brasil”, o que pode levá-lo a fechar o escritório
do X no Brasil. Ou seja, é disso que se trata. Elon Musk já começa a prever que
também por aqui suas atitudes excêntricas e pouco razoáveis o levarão a perder
respeito, anunciantes e dinheiro. Afinal, em que parte do mundo grandes marcas
vão concordar em manter relações comerciais com uma rede social que afronta a
justiça e a democracia? Sinto informar-lhe, Elon, Musk, mas aqui, não!
O embate entre o SFT e o bilionário proprietário do X ganha maiores
holofotes neste momento não apenas em razão das declarações polêmicas de Musk,
mas especialmente pelo contexto que as envolve. A briga pressiona o Congresso a
dar andamento na tramitação do projeto de lei que prevê a regulamentação das
redes sociais no país. Soma-se a isso o fato de estarmos em ano de eleições,
com grandes preocupações sobre a forma com que os novos recursos de tecnologia,
incluindo a Inteligência Artificial, poderão impactar o processo eleitoral.
A regulamentação do ambiente virtual é uma tendência não apenas no Brasil,
mas em todo o mundo. Essa discussão é urgente e fundamental, doa a quem doer.
*Wilson Pedroso é consultor eleitoral e analista político com MBA nas áreas
de Gestão e Marketing