Debates
O Brasil precisa ser mais amigável com seus empreendedores
Da Redação | 19 de abril de 2024 - 02:10
Por Fernando Taliberti
O empreendedorismo é um dos motores da economia,
impulsionando a inovação, a criação de empregos e o crescimento sustentável. No
entanto, empreender no Brasil ainda é um desafio, especialmente quando
comparado aos Estados Unidos, onde a cultura empreendedora é valorizada e as
estruturas jurídicas são mais amigáveis Para que o país possa prosperar,
é fundamental que sejam criadas condições mais favoráveis para os
empreendedores, tanto em termos de estrutura jurídica quanto de acesso a
capital.
Uma das principais diferenças entre empreender no Brasil e
nos Estados Unidos é a simplicidade das estruturas jurídicas. Nos EUA, os
empreendedores têm acesso a modelos padronizados de contratos, como o SAFE
(Simple Agreement for Future Equity), que facilitam a captação de
investimentos. O SAFE é um instrumento flexível e eficiente, permitindo que as
startups levantem capital sem a necessidade de uma avaliação imediata da
empresa. No Brasil, por outro lado, a falta de instrumentos jurídicos
padronizados e a complexidade do sistema legal dificultam a captação de
investimentos e aumentam os riscos para os empreendedores. Essa falta de
flexibilidade e agilidade no processo de levantamento de capital pode
prejudicar o crescimento das startups e limitar o potencial de inovação do
país.
A necessidade de estabelecer um valor fixo para a empresa em
estágio inicial pode ser extremamente prejudicial, pois muitas vezes é difícil
determinar um valor justo e realista para um negócio que ainda está em fase de
desenvolvimento. Além disso, a burocracia e a rigidez das estruturas jurídicas
brasileiras podem dificultar a captação de investimentos e atração de talentos,
limitando o potencial de crescimento das startups.
Outro ponto crucial é o acesso à capital. Nos EUA, o
ambiente de investimento em startups é muito mais desenvolvido e maduro, com
uma ampla variedade de opções de financiamento disponíveis. Desde o
financiamento coletivo (crowdfunding) até os fundos de venture capital, os
empreendedores têm à disposição uma gama de alternativas para captar recursos e
impulsionar o crescimento de seus negócios. No Brasil, porém, o acesso a
capital ainda é limitado, o que dificulta o desenvolvimento de startups e a
inovação. Medidas como a regulamentação do crowdfunding de investimento e a
criação de incentivos fiscais para investidores em startups são passos
importantes para ampliar o acesso a capital no país.
Infelizmente, a falta de proteção no ecossistema brasileiro
tem consequências reais para os empreendedores e pode levar ao fechamento de
negócios promissores. Um exemplo trágico é o caso da Vela Bikes, uma startup
brasileira que encerrou suas operações recentemente. A Vela Bikes foi pioneira
na produção de bicicletas elétricas no Brasil e recebeu investimentos de fundos
de venture capital. No entanto, devido a problemas com fornecedores e à falta
de proteção legal, a empresa enfrentou dificuldades que acabaram levando ao seu
fechamento. Essa história é um lembrete doloroso dos riscos que os
empreendedores enfrentam no Brasil e da necessidade de criar um ambiente mais
favorável para o crescimento e a inovação.
Para impulsionar o empreendedorismo e atrair investimentos,
o Brasil precisa adotar medidas que simplifiquem as estruturas jurídicas,
incentivem a captação de investimentos e protejam os empreendedores. A criação
de instrumentos padronizados, como o SAFE, pode ser um primeiro passo para
agilizar o processo de levantamento de capital e reduzir a burocracia. Além
disso, é fundamental promover uma cultura de risco e inovação, reconhecendo o
valor dos empreendedores e incentivando o investimento em startups. Por fim, é
preciso fortalecer a proteção legal para os empreendedores, garantindo que eles
tenham os direitos e as salvaguardas necessárias para enfrentar os desafios
inerentes ao mundo dos negócios.
O empreendedorismo é uma força transformadora que pode
impulsionar o crescimento econômico, gerar empregos e promover a inovação. No
entanto, para que isso aconteça, é fundamental que o Brasil crie um ambiente
mais amigável aos empreendedores, simplificando as estruturas jurídicas,
facilitando o levantamento de capital e garantindo a proteção necessária para o
crescimento e a prosperidade dos negócios. Somente assim poderemos desbloquear
todo o potencial do empreendedorismo brasileiro e construir um futuro mais
próspero para todos.
Fernando Taliberti é um empreendedor e investidor com mais de 10 anos de experiência no mercado de tecnologia.