Debates
Se a escola sofre e fecha, sofreremos mais.
Da Redação | 08 de abril de 2021 - 02:42
Por Rogério Mainardes
A escolas particulares chegaram ao seu limite. E
ultrapassaram. Muitas não conseguiram chegar ao limite e fecharam as portas.
Triste fim para quem sonhou em oferecer serviços educacionais de qualidade para
uma nação que tanto precisa disso. Diante do posicionamento demagógico e
inconsequente de governos que tratam a educação como tratam os demais segmentos
da economia (ou ainda pior), vejo que teremos ainda muito mais sofrimento no
futuro de nosso país.
Com mais de 40 anos na área da comunicação educacional e
como conhecedor da falta de comprometimento com o bem comum que caracteriza os
nossos políticos, eu já poderia emitir uma opinião consistente sobre
os inesperados decretos emitidos por alguns gestores públicos que, tardiamente,
posam de líderes atentos e preocupados. Mas não é assim que desejo me
expressar. Quero falar como pai de um garoto que inicia a jornada educacional
com 6 anos de idade, depois de um ano cheio de esperanças, que vinham e voltavam
para que as aulas retomassem. E como pai, acompanho a angústia de crianças e
famílias que estão buscando médicos e psicólogos que possam ajudar a buscar a
saúde emocional para os filhos em revolta, às mães em desespero com os filhos
em casa e os pais que também já se revoltam, até mesmo com as escolas e suas
mensalidades.
Quero falar como diretor do Sindicato das Escolas
Particulares do Paraná (SINEPE-PR), que está acompanhando com apreensão o
grande mal que, além da trágica pandemia, os governos estão trazendo às
escolas, aos gestores educacionais, aos professores e colaboradores em geral da
área educacional particular que seguem na procura de um “norte” para a
sustentabilidade da escola, para a sobrevivência do emprego, na busca de
alternativas para servir à educação tão desejada. Não se trata da “pandemia”,
trata-se da demagogia irresponsável, eleitoreira e inconsequente.
As escolas particulares se prepararam para a retomada das
aulas com toda a responsabilidade. Investiram em equipamentos para adequação de
ambientes, colaboradores e professores, comunicação de forma didática e
informações para orientar o convívio no ambiente educacional diante do
vírus. E foram além dos protocolos estabelecidos porque acreditam que,
para ser uma instituição educacional, não poderá ser pouco o
comprometimento.
A responsabilidade de uma instituição educacional vai além
de um mandato eleitoral. A educação é para a vida inteira. As pausas no
processo educacional podem ter danos imensuráveis, pois, além dos conteúdos das
matérias escolares, existe a parte mais importante para uma criança: a
autoestima, a convivência, o amor ao próximo e o próprio ensino de valores como
justiça, solidariedade, respeito, ética e, principalmente, o ensino das noções
básicas da cidadania e do bem comum, valores que são ensinados e praticados na
convivência social, no conflito das ideias e no diálogo escolar e que são tão
necessários para aqueles que lideram setores públicos e tomam decisões como
essa que afetam as escolas públicas e particulares sobremaneira.
Mais do que em qualquer tempo, nossos filhos precisam das
escolas de qualidade. Lá, estarão mais protegidos do que em qualquer lugar
público - e até mesmo do que em nossas casas, no convívio de familiares que
entram e saem para suprir necessidades. E as escolas precisam do bom senso,
responsabilidade e bom juízo dos governantes ao tomarem suas nefastas decisões
em benefício único de suas imagens e interesses de sobrevivência nas próximas
eleições. E em total desfavor à qualidade da educação para os nossos filhos e o
futuro de nosso país.
Rogério Mainardes é diretor de Marketing do SINEPE-PR,
consultor de Marketing e Comunicação do Curso Positivo, empresário e diretor da
COM/M Educação, diretor da ZAP – Ziraldo Artes Produções, palestrante e
professor em cursos de pós-graduação e coordenador da Clínica de
Marketing Educacional do Programa Escola Segura.