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Governo não tira as tapas

É incrível a “incapacidade” do governo para perceber (= reconhecer) a origem dos rombos nas contas públicas! Anos atrás, o ex-presidente “soltara foguetes” ao dizer que o Brasil pagara todas as suas dívidas externas. Contudo, paga-se milhões de reais de juros de dívidas, todos os meses, não apenas internas, que já batem, hoje, nas margens de dois terços do PIB! O que será, então, que fora pago de fato, se é que o foi?

A senadora paranaense, em texto aqui veiculado (23/09/15), queixa-se de que o mercado reclama da manutenção dos programas sociais pelo governo, mas o que vê é bem diferente. Quase todos os programas de grande alcance social e econômico, porque colocam elevados valores em circulação, sofreram algum tipo de percalço. Dezenas de milhares de estudantes universitários tiveram problemas na renovação de seus financiamentos. Muitos tiveram que apelar para parentes e amigos, obter financiamento das próprias escolas... para não abortar seus sonhos. Enquanto isso, outra multidão bateu-se pelo apoio financeiro aos estudos de 3º grau, amargando, milhares deles, triste desilusão...

O programa de habitação sofreu restrição no percentual do valor total financiado e, conforme a mídia, apesar de ampliado o teto financiável, haverá forte retração na oferta de unidades. Diz a senadora que o mercado esperava altos cortes nos setores da educação, como se isso já não ocorrera meses antes! Quanto à saúde (o mesmo com a segurança), quem vê os noticiários locais e nacionais fica ojerizado com tanto sofrimento dos mais fracos ante a falta quase total, pelo menos em muitos lugares, de aparelhamento humano e material, ainda que mínimo, para atendimento, até mesmo no quintal do governo central. Os “grandes” do poder, que têm assistência nos melhores hospitais do País, nem aí!

Senhora senadora: sobra para os mais fracos, sim, e, pelo andar da “desgovernança”, vai continuar sobrando, com altos juros e correção ainda maior das dores! O empresário não investe, pois os juros e as portas abertas ficam caros, além da forte queda na colocação de produtos, já que as vendas despencaram. Dinheiro caro e queda na circulação de bens e de serviços desembocam no desemprego, “cargo” ocupado, quase sempre, pelos “mais fracos”.

Os cortes de fato, parecem ficar, mais uma vez, só nas promessas: como cortar ministérios e milhares de “cargos” dispensáveis, se o governo central precisa de votos do Congresso? Nas “pseudorreformas”, a política, em que apenas amostras do que deveria mudar, em favor de um governo mais enxuto e honesto, foram realizadas e, depois, a econômica, onde os descalabros políticos buscam retirar do povo (inclusive dos “mais fracos”) mais ainda do que já lhe é tomado, sem o retorno que, só o Planalto ignora, não vem na mesma proporção. O ex-presidente que, como se vê, continua manipulando boa parte das cruzetas e dos fios das marionetes do poder, que tanto criticava FHC pelo número de ministérios, legou 37 à sucessora, que os elevou para 39! É cabide “para lá de metro”, e dinheiro no ralo, pra muitos milhões!

Um governo funciona melhor com menos caciques no primeiro escalão – fica mais fácil açambarcar as ações de todos. Porém, por estas plagas, o inchaço de mandatários, oriundos de conluios eleitorais, devora, anualmente, a “pechincha” de cerca de 60 bilhões de reais! O pior é que, com cada um deles, vêm dezenas, centenas de “cargos” para acomodar afilhados políticos, o que, num “efeito cascata”, deságua “rio abaixo” a perder de vista, com indicações “cabideiras”, onde alguns laboram, outros enrolam e nós pagamos a conta por serviços caros e pouco eficientes. Nessa “paisagem” de “me apoie que eu te ajudo”, temos 39 ministérios, com os rombos imanentes a cada um. Metade seria suficiente. Assim, óbvio que faltam recursos!

No geral, países desenvolvidos têm poucos ministérios, e os piores enchem-se deles. Alguns exemplos (algumas informações variam): Reino Unido: 18; Estados Unidos: 15; Itália: 18; Alemanha: 14; Brasil: 39; Argentina: 10 (mais 3 secretarias); México (2º país mais importante da América Latina): 19 (mais 6 secretarias); Suécia: 23; Polônia: 18; Hungria: 9; Bélgica: 15; Espanha: 15; Romênia: 15; Gabão: 40; Canadá: 42; China: 44 (estes dois fogem ao padrão)...

Por que indicação política para direção/conselho de empresa pública, ao invés de se colocar lá funcionários de carreira dentro delas e que já conhecem “o caminho das pedras”? Reserve-se isso apenas para Banco Central, Comissão de Valores Mobiliários, agências reguladoras, Tesouro Nacional...

Antônio Queiroz barbosa
[email protected]
*Autor é professor aposentado e colaborador do JM

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