Grito de revolta nas ruas

Os acidentes com mortes, enlutando famílias, lotando hospitais de mutilados e provocando clamor social, despertam na sociedade a inquietante sensação de que o culpado por essas tragédias nem sempre atingido pelos braços da lei. A impunidade, invariavelmente, é tão permissiva quanto o fato em si.

Entretanto, a legislação se tornará eficaz com uma mudança no rito processual penal (que é muito moroso) e também com procedimentos que procurem secar as fontes de corrupção e limitar as brechas existentes no atual Código de Trânsito, o qual, para muitos, não passa de uma terrível indústria de multas. Deve-se buscar uma legislação que garanta agilidade no processo penal, bem como efetividade das punições.

Limite zero para consumo de bebidas alcoólicas ou entorpecentes ao volante, sem alteração da legislação penal, e sem alteração constitucional, somente servirá para engordar a nefasta indústria da corrupção. A celeridade e agilidade na execução penal são importantes e prioritárias para que qualquer processo por crime de trânsito tenha efetividade e garanta o fim da impunidade.

Além de a Justiça ser mais severa na aplicação das leis, a sociedade deveria se mobilizar contra certos desmandos e omissão do Estado. Enquanto o povo não se mobilizar, protestar, ir às ruas pra rua mostrar sua insatisfação, isso vai continuar acontecendo. O Estado perdeu a autoridade.

Na terça-feira, um protesto pela morte de uma tradicional família de Ponta Grossa, deve levar cerca de cinco mil pessoas às ruas. Um ato justo. No entanto, além de pedir Justiça, necessário se faz uma reflexão sobre o comportamento do motorista, e principalmente exigir das autoridades a implementação de ações capazes de evitar que outras tragédias aconteçam.

De que adianta limitar velocidades urbanas e nas estradas se os próprios veículos ultrapassam os limites permitidos? De que adianta a Lei Seca nestes casos, se nos supermercados e em todos os bares são vendidas bebidas alcoólicas a granel, ou seja, no atacado? Vale a reflexão.